“Só os Fortes”: o grupo de WhatsApp que virou termômetro político, e diz o que muita gente não tem coragem de falar em Santana do Araguaia
No “Só os Fortes”, a verdade chega antes da nota oficial e a polêmica vem sem aviso. É o grupo onde ninguém tem proteção, o rico e o pobre apanham igual. Ali se fala o que muitos sussurram. Um espaço caótico, barulhento e indispensável para entender Santana do Araguaia.
Matheus Bonfim
12/3/20252 min read


Em Santana do Araguaia, onde a política pulsa no ritmo acelerado das ruas, um grupo de WhatsApp se destacou a ponto de virar referência, palco, confessionário e arena: o famoso “Só os Fortes”. Criado sem pretensões grandiosas, o grupo se transformou, ao longo dos anos, em uma espécie de microcosmo da cidade — onde tudo pode acontecer e, normalmente, acontece.
Por lá, já teve contratação de quem precisava, demissão relâmpago, denúncia grave, treta histórica, discussão acalorada, debate de alto nível, e até momentos que fariam qualquer assessor político suar frio. Nada é previsível. Na verdade, a única certeza para quem entra é que vai ter polêmica. E geralmente, mais cedo do que tarde.
Mas ao contrário do que muitos imaginam, o grupo não é só caos político. Ele é, também, um espaço profundamente inclusivo, onde se fala mal de rico e de pobre com a mesma intensidade, onde ninguém tem título que garanta blindagem, e onde o humor dá o tom das conversas. É, de certa forma, o retrato mais democrático — e selvagem — da vida pública santanense.
Apesar do estilo irreverente, o grupo tem um peso social difícil de ignorar. Lá dentro, surgem campanhas de arrecadação, mobilizações para cirurgias, pedidos urgentes de vagas e atendimentos, auxílios solidários e movimentações que já mudaram a vida de muita gente. É o lugar onde os “pecados políticos” muitas vezes se redimem na prática: ajudando quem precisa.
O “Só os Fortes” também abriga, lado a lado, figuras de alto calibre. Tem prefeito, vereadores sem papas na língua, lideranças comunitárias, formadores de opinião, servidores e cidadãos comuns. Cada um com seu jeito, seu temperamento e sua verdade. Mas todos unidos por algo maior: a paixão — às vezes exagerada, quase sempre sincera — por uma Santana do Araguaia melhor.
O nome não mente: só fica quem aguenta.
Quem não aguenta… pede pra sair.
No fim das contas, o grupo é a síntese da cidade: diverso, barulhento, intenso, briguento, solidário, divertido, revolucionário e, acima de tudo, apaixonado.
Porque em Santana, política não é apenas política.
É identidade. É cultura. É coração.
E no “Só os Fortes”, isso tudo aparece sem filtro.
